A história brasileira é plena de sucessos e fracassos políticos e especificamente no combate à corrupção a sensação é de um déjà-vu. A impunidade, por exemplo, não é peculiar a nova República, mas vem de longa data como lemos abaixo.
Em 1960 um grupo de militares criou a Caixa de Pecúlio, Pensões e Montepios Beneficente, a Capema, posteriormente renomeada Capemi, um ramo de previdência complementar e sem fins lucrativos.
A Capemi, nos anos 1970, passou a diversificar sua área de atuação, criando a Agropecuária Capemi Indústria e Comércio e assinando um contrato com o IBDF (Instituto Brasileiro de Defesa Florestal), que permitiria a Agropecuária extrair e comercializar a madeira da área que seria inundada com a construção da Usina Hidrelétrica de Tucuruí.
Necessitando comprar máquinas para o desmatamento, a Capemi conseguiu um empréstimo de 100 milhões de dólares junto ao Banco Nacional de Paris, avalizado pelo Banco Nacional de Crédito Cooperativo (BNCC). De imediato a Capemi sacou 25 milhões de dólares.
Entretanto a inexperiência da empresa resultou num fracasso, conseguindo desmatar apenas 10% da área prevista. O resultado foi a rescisão contratual pelo IBDF e o pagamento do empréstimo pelo BNCC, avalista do empréstimo.
Em 1983 a Folha de São Paulo e o Jornal do Brasil denunciaram a fraude da Capemi e no ano seguinte foi instaurada uma Comissão Parlamentar de Inquérito (PDC 224/1984 CPICAP), mas nenhum dos envolvidos foi condenado. Estima-se que foram desviados 10 milhões de dólares dos cofres públicos.